quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

    Artigo I: Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.          
    Artigo II: Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.      
    Artigo III: Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.        
    Artigo IV: Fica decretado que o homem não precisará nunca mais    duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.                       
    Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.            
    Artigo V: Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.       
    Artigo VI: Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.       
    Artigo VII: Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.     
    Artigo VIII: Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre    não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.          
    Artigo IX: Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.          
    Artigo X: Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, o uso do traje branco.          
    Artigo XI: Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.          
    Artigo XII: Decreta-se que nada será obrigado  nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes    com uma imensa begônia na lapela.                 
    Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.             
    Artigo XIII: Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar    o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.         
    Artigo Final: Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre-o coração do homem.
    -   Thiago Mello

Nenhum comentário:

Postar um comentário